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Sandra Lesbaupin

Identificando o seu Perfil Profissional


O Perfil Profissional

O perfil profissional é o conjunto de características que compõem um indivíduo em relação às suas competências profissionais. Ele engloba as características psicológicas, as habilidades, os interesses, as crenças e os valores desse indivíduo.

Para se identificar esse perfil, é preciso tomar consciência dessas características pessoais. Para efeitos didáticos, destaco aqui três categorias essenciais na identificação do perfil profissional: a personalidade, as habilidades e os interesses.

Personalidade

Em linhas gerais, a personalidade pode ser resumida como o universo de recursos, conscientes e inconscientes, que determina como sentimos, pensamos e reagimos a estímulos, como lidamos (ou não) com as mudanças da vida, etc. Tomar conhecimento dessas características próprias nos ajuda a pensar contextos de trabalho com os quais podemos melhor nos identificar, aumentando assim as chances de adaptação e satisfação laborais.

Mas importância do autoconhecimento, no que se refere à personalidade, vai além disso. Ignorá-la pode, em médio ou longo prazo, ser a base de uma depressão ocupacional. O exercício de um determinado cargo ou função (muitas vezes por anos ou décadas) incompatível com as características de personalidade (principalmente as não conhecidas) do indivíduo é uma forma de insalubridade sutil e devastadora. Acomete, muitas vezes, profissionais acima de qualquer suspeita: inteligentes, dedicados, em bons cargos e bem-sucedidos.

Habilidades

Possuímos habilidades e aptidões que, dependendo de como se combinam com as nossas características de personalidade, formam o que podemos chamar de talentos. Quase sempre somos conscientes de nossas habilidades formais, medidas pelo rendimento escolar ou avaliação de desempenho em algum cargo ou função.

Infelizmente, nossa cultura educacional ainda propõe, em muitos casos, uma associação simplista entre inteligência e as notas que recebemos nas disciplinas escolares ou mesmo a nossa “treinabilidade” para cumprir um protocolo de rendimento chamado vestibular. Digo simplista pois há um conjunto de capacidades que permanecem ocultas em nós e que, se nunca forem provocadas, provavelmente continuarão latentes e não serão reveladas. Conhecê-las pode ser muito útil para a escolha profissional e para a vida como um todo.

Analisarmos no sentido inverso também é vantajoso: ao tomarmos conhecimento de nossas inabilidades, podemos nos preparar para enfrentá-las e buscar corrigi-las antes de sofrermos com fracassos previsíveis na vida acadêmica e profissional.

Interesses

Nossos interesses dizem respeito a tudo aquilo que gostamos e sentimos curiosidade. Os interesses de um indivíduo são os assuntos, temas ou ações que despertam a sua curiosidade, sobre os quais ele quer saber ou fazer mais.

Geralmente, temos interesse por uma gama muito ampla de assuntos, e nem todos são contemplados na nossa profissão. E tudo bem. O importante não é que a profissão dê conta de todos os seus interesses, mas que ela faça parte daquilo que são os seus interesses.

Bem orientados em relação a nós mesmos e às possibilidades que o mundo nos apresenta, podemos desviar de turbulências e seguir por caminhos que nos tragam realização. Há sempre retornos ou atalhos que podem nos conduzir a um contexto profissional satisfatório.

Mas, como se faz isso?

O autoconhecimento é um processo que vai detectando falhas, padrões de ação inúteis e de autossabotagem, mas também tesouros ocultos em nós mesmos. E com eles surgem reflexões, alternativas e novos espaços para explorarmos.

Não é raro conversar com jovens que, no alto dos seus dezesseis ou dezoito anos, assumem-se totalmente decididos por uma carreira específica. No entanto, também ouço universitários desmotivados e profissionais insatisfeitos relatando terem tido, por volta dessa faixa etária, as mesmas certezas. Algo comum em seus relatos é que a admiração e o interesse por determinada profissão não deixavam dúvidas de que, se seguissem por esse caminho, seriam felizes. Identifico-os como vítimas dos mitos sobre profissões e carreiras.

Somos consumidores de mídia e as imagens sobre profissões e carreiras que recebemos por essa via são carregadas de uma boa dose de ficção. Ainda fico impressionada com a quantidade de pessoas insatisfeitas profissionalmente que escolheram Medicinas, Direitos ou Engenharias ficcionais, com base em modelos apresentados em novelas, filmes ou seriados enlatados, feitos para entreter, apaixonar e idealizar.

Outros aspectos também podem interferir negativamente sobre os interesses no processo de escolha profissional: a desinformação, as percepções restritas, incompletas, ou mesmo, enviesadas transmitidas por um ou outro profissional de determinada área de formação e atuação.

É fato que, sem refletir sobre esses fenômenos, podemos nos interessar por ideias falsas e não exatamente pelo que nos espera nas carreiras futuras, enveredando por caminhos sem os recursos necessários, ou mesmo abdicando de boas alternativas por ignorarmos nossos potenciais. Podemos, também, sofrer por anos a fio em contextos laborais que pouco ou nada têm a nos acrescentar e desenvolver como ser humano. E quando percebemos o preço cobrado por nosso despreparo no passado, corremos atrás de uma segunda chance profissional para o futuro. Ainda bem que existe essa segunda chance!

Não há mágica. Há técnicas válidas e específicas que auxiliam o diagnóstico do perfil profissional, alicerce de uma boa orientação. Há também muitos profissionais competentes e responsáveis por acolher o orientando e trabalhar junto a ele, interpretando suas produções e incentivando-o a criar seus próprios caminhos. Mais do que uma testagem, a orientação profissional visa realizar uma reflexão por outra perspectiva que não seja a do senso comum, mas sim a do indivíduo.

Baseado em “Profissão, carreira e você: afinal, quem escolhe quem?”,

de Ricardo Lima (não publicado).


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